A forma como escrevemos tem um impacto fundamental na nossa
credibilidade. Receber
um email ou um orçamento com erros leva-nos a questionar, mesmo que
inconscientemente, a competência de quem está do outro lado. No caso das
empresas, quando há erros no site ou nos posts partilhados nas redes sociais, é
a credibilidade da empresa que está em causa.
Na minha rotina de trabalho a ler e escrever há
erros que vejo quase todos os dias. Listei-os para que não o apanhem a si
também. Tome nota.
1. Há / à
A confusão entre o há com “h”, presente do verbo
haver, e o à, sem “h”, que é a contração da preposição “a” com o artigo
definido no feminino singular “a”, atrapalha muita gente. Uma dica que pode
ajudar: se for possível substituir a expressão pelo verbo ”existir” (sinónimo
de haver) ou a frase implicar tempo, devemos usar “há”.
Exemplos: Há
várias opções de cor. A empresa funciona há dez anos.
2. Ir de encontro / ir ao encontro de
Vejo muitas vezes este erro em propostas para clientes e emails que se
pretendem mais formais, momentos em que não convém mesmo escrever com erros. Mas qual é o problema?
Quando escrevemos “ir de encontro” para indicar que estamos em sintonia com a
outra parte, estamos na verdade a dizer o contrário. A expressão correta a usar é “ir ao encontro de”.
Exemplo: Esperamos
que esta proposta vá de encontro aos seus objetivos (estamos a dizer:
seja oposta). Esperamos
que esta proposta vá ao encontro dos seus objetivos (forma correta).
3. Há dois anos atrás / Na minha opinião pessoal
Estas redundâncias não são propriamente erros, mas
a bem da simplicidade não há necessidade deste reforço. Basta escrever “Há dois anos” ou “Na minha opinião”. Afinal, todas as opiniões são pessoais. As frases ficam mais simples,
mais curtas e são entendidas mais facilmente.
4. “Ciclo” vicioso
Esta é mais uma daquelas expressões que se usa em
relatórios e documentos quando se quer impressionar. O problema é que a
expressão “ciclo vicioso” está errada. A forma correta é “círculo vicioso”.
5. Tivesse / estivesse
A confusão entre o “tivesse” e “estivesse” está no
chat do Facebook quando falamos com os nossos amigos, mas infelizmente está
também nos posts que muitas marcas fazem na mesma rede. As duas formas estão corretas, mas enquanto
“tivesse” deriva do verbo ter, “estivesse” é uma conjugação do verbo estar.
Exemplo: Se
eu tivesse mais tempo e estivesse em Lisboa gostava de sair
convosco.
6. Gratuítamente /obrigatóriamente
Os advérbios de modo terminados em “mente” não levam acento. E não há exceções.
Portanto, obrigatoriamente, gratuitamente, rapidamente, acentuadamente,
facilmente, felizmente, etc. nunca são acentuados. Fácil.
7. ás / às
É comum sermos informados que o melhor horário para
a reunião é das 14h “ás” 15h00 ou vermos num site de um restaurante que está
aberto das 19h00 “ás” 23h00. “Ás” com acento agudo está relacionado com o
universo do jogo (ás de espadas, p. ex.) ou pode ser usado para designar alguém
que é muito bom em determinada atividade. Quando nos referimos a espaço ou
tempo o acento deve ser grave (às).
Exemplo: Temos
reunião das 14h00 às 15h00. Portanto, em horários o acento é sempre
grave.
8. Contatos / Contactos
Quando visito um site português que tem o item de
menu de contactos sem “c” fico logo nervosa. Em Portugal, apesar do acordo
ortográfico, contactos mantém o “c”, dado que pronunciamos essa consoante.
9. Fãn
Este erro tornou-se muito comum com as redes
sociais. As páginas têm fãs e
eu posso ser fã de alguém ou de alguma
coisa. As palavras fãn e fãns não existem. “Fan” e “fans” (sem acento) são
palavras em inglês.
10. Fala-se / Falasse
Mais um erro que povoa os chats nas redes sociais,
mas infelizmente salta para sites, emails e posts de marcas. Fala-se é uma
forma do presente do indicativo e refere-se a uma ação real. Falasse é uma
forma do imperfeito do conjuntivo e designa uma ação provável.
Exemplo: Hoje fala-se muito
de política, mas gostava/gostaria que se falasse mais de economia.
Um truque dos professores de português para não
errar: construir a frase na negativa: “Hoje não se fala muito de política.
Gostava que não se falasse de economia”. Se o “se” muda de lugar, significa que
é separado por hífen.
E desse lado, como é a sua relação com o português? Há erros que não
desculpa?
Vamos continuar a partilhar conhecimento?
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